© Sammi Landweer

ENCANTADO | LIA RODRIGUES COMPANHIA DE DANÇAS (RJ)

Encantado é o título do novo trabalho da Lia Rodrigues Companhia de Danças, criado no contexto da crise sanitária provocada pela Covid-19.  Estreou em dezembro de 2021  no Festival d’Automne de Paris, fazendo temporada em dois teatros da capital francesa dos quais Lia Rodrigues é artista associada: o Teatro Nacional de Chaillot e o Le Centquatre.  

A palavra ‘encantado’, do latim incantatus, designa algo que é ou foi objeto de encantamento ou de feitiço mágico. Encantado é também sinônimo de maravilhado, deslumbrado ou fascinado e também uma expressão de cumprimento social. 

No Brasil, a palavra ‘encantado’ tem ainda outros sentidos. O termo se refere às entidades que pertencem a modos de percepção de mundo afro-ameríndios. Os ‘encantados’, animados por forças desconhecidas, transitam entre céu e terra, nas selvas, nas pedras, em águas doces e salgadas, nas dunas, nas plantas transformando-os em locais sagrados. São seres que atravessam o tempo e se transmutam em diferentes expressões da natureza. Não experimentaram a morte, mas seguiram em outro plano, ganhando atribuições mágicas de proteção e de cura. Deste modo, as ações predatórias que ameaçam a vida na Terra, a destruição sistemática das florestas, dos rios e do mar impactam também a existência dos Encantados. Não há como separar os encantados da natureza ou a natureza desses seres.

Como encantar nossos medos e nos colocarmos no coletivo, próximos uns dos outros? Como encantar o que nos cerca , imagens , danças e paisagens e transforma-las em nossos corpos  e ideias?  Como entrar  em encantamento e nos acoplarmos, nós e o ambiente, em arranjos variados  e ir ao encontro dos seres viventes em toda a sua diversidade?

O Panorama 30 Anos presta uma homenagem à Lia Rodrigues, criadora do festival, com a estreia em teatros cariocas de Encantado, trabalho mais recente da Lia Rodrigues Companhia de Danças. O espetáculo fez uma bela e concorrida temporada no Centro de Artes da Maré e encerrou recentemente uma aclamada turnê mundial.   

A Lia Rodrigues Companhia de Danças foi fundada em 1990, no Rio de Janeiro, e se mantém em atividade durante todo o ano, com aulas, ensaios do repertório e trabalho de pesquisa e criação, sempre em colaboração com os artistas-bailarinos. Desde 2003, a companhia colabora com a Redes de Desenvolvimento da Maré, no Morro do Timbau, onde realiza atualmente suas atividades diárias, ajudando a construir e garantir a manutenção de local adequado para a dança, além de oferecer aulas e oficinas para jovens da comunidade e doar um grande acervo de vídeos de dança e livros. Em 2004, ampliando suas ações, realizou neste espaço a criação de diversos trabalhos: Contra aqueles difíceis de agradar, Encarnado, Hymnen, apresentações de seu repertório aquilo de que somos feitos e formas breves, entre outras atividades. Em 2007, foi criado o Centro de Artes da Maré, sede da companhia e que abriga outras iniciativas, como a Escola Livre de Dança da Maré. Lá foram desenvolvidos os espetáculos Fúria, Para que o Céu não Caia, Pindorama, Pororoca e Piracema, além do projeto ‘Dança para Todos’, com aulas gratuitas.

13 jan | 19h
14 jan | 18h

Teatro João Caetano
(Praça Tiradentes, s/n, Centro)

Ingressos:
R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)

Duração: 60 min
Classificação indicativa: 16 anos

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FICHA TÉCNICA

Criação e direção:  Lia Rodrigues
Dançado e criado em colaboração por: Leonardo Nunes, Valentina Fittipaldi, Andrey da Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, David Abreu, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre. Também dançado por Felipe Vian, Alice Alves, Daline Ribeiro
Colaboração na criação: Carolina Repetto, Joana Castro, Matheus Macena
Assistente de criação e direção: Amália Lima
Dramaturgia: Silvia Soter
Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer
Criação de luz: Nicolas Boudier, com assistência técnica de Baptistine Méral e Magali Foubert
Trilha sonora/mixagem: Alexandre Seabra (a partir de trechos de músicas do povo Guarani Mbya/Aldeia de Kalipety da T.I. Tenondé Porã, cantadas e tocadas durante a marcha de povos indígenas em Brasília, em  agosto e setembro de 2021, contra o “marco temporal”, uma medida inconstitucional que prejudica o presente e o futuro de todas as gerações dos povos indígenas.
Produção Brasil: Gabi Gonçalves/Corpo Rastreado
Iluminação (criação e operação) no Brasil: Jimmy Wong
Produção e difusão internacional: Colette de Turville, com assistência de Astrid Toledo
Administração França: Jacques Segueilla
Idealização e produção do projeto de apoio do Instituto Goethe: Claudia Oliveira
Secretária e administração: Glória Laureano
Professores:  Amalia Lima, Sylvia Barretto, Valentina Fittipaldi
Uma coprodução de Scène nationale Carré-Colonnes; Le TAP – Théâtre Auditorium de Poitiers; Scène nationale du Sud-Aquitain; La Coursive – Scène nationale de La Rochelle; L’empreinte, Scène nationale Brive-Tulle; Théâtre d’Angoulême Scène Nationale; Le Moulin du Roc, Scène nationale à Niort; La Scène Nationale d’Aubusson; Kunstenfestivaldesarts (Brussels); Brussels, Theaterfestival (Basel); HAU Hebbel am Ufer (Berlin); Festival Oriente Occidente (Rovereto); Theater Freiburg; l’OARA – Office Artistique de la Région Nouvelle Aquitaine; Julidans (Amsterdam); Teatro Municipal do Porto; Festival DDD, dias de dança; Chaillot – Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE-PARIS; e Festival d’Automne à Paris.
Com apoio de FONDOC (Occitanie)/França; Fundo Internacional de Ajuda para as Organizações de Cultura e Educação 2021 do Ministério das Relações Exteriores da República Federal da Alemanha, do Goethe-Institut e de outros parceiros; Fondation d’entreprise Hermès/França, com a parceria de France Culture.
Uma produção da Lia Rodrigues Companhia de Danças com apoio da Redes da Maré, da Campanha “A Maré diz não ao Coronavírus – projeto Conexão Saúde” e do Centro de Artes da Maré.
Lia Rodrigues é artista associada ao Chaillot-Théâtre national de la Danse e ao CENTQUATRE, França.
Agradecimentos: Thérèse Barbanel, Antoine Manologlou, Maguy Marin, Eliana Souza Silva, equipe do Centro de Artes da Maré.
 Encantado é dedicado ao Oliver.