• Imagem mostra pessoas sentadas reunidas em torno de uma grande mesa quadrada.

Acervo Panorama © coletivo CLAP

SEMINÁRIO HISTÓRIA DE CORPOS, CORPOS NA HISTÓRIA 

“A história do Brasil é uma história escrita por mãos brancas”

(José Honório Rodrigues)

“(…) quando se trata de história do Brasil, dentro da metodologia da história, você tem que fazer uma crítica muito severa a respeito desses documentos, que são documentos feitos por aqueles que reprimiram e que só viram aquilo que eles achavam negativo.”

(Beatriz Nascimento)

Em que sentido as imagens trazidas pela dança podem ser vistas hoje como documentos de ruptura política e de esperança no contexto da arte? Quais bases de justiça social e resistência histórica podem ser utilizadas como ferramenta para entender cenários institucionais e políticos hostis, especialmente no que diz respeito a corpos dissidentes?

História de corpos, corpos na história são dois ciclos de conversas associadas à celebração dos 30 anos do Panorama. Eles visam trazer com calma e especificidade conversas sobre pontos que tangenciam a noção de história, tendo o corpo, o movimento e o desenrolar de questões sociais estéticas como centralidade. 

Em um país onde a história foi escrita por mãos brancas, como escreve José Honório Rodrigues, a necessidade de revisar os documentos feitos por aqueles que reprimiram, como propõe a historiadora Beatriz Nascimento, é essencial. As conversas propostas buscam, portanto, trazer mais cores para as múltiplas mãos que compõem nosso panorama. Cada corpo, como documento histórico, abre um leque de outras histórias que devemos continuar a contar.

13 jan

14h – 17h | Quais corpos podem contar suas histórias? Liberdade de expressão e cena brasileira
Calixto Neto (PE/FR),  Luiz de Abreu (BA), Pedro Kosovski (RJ), Samara Castro (RJ). Mediação: Luciano Cerqueira (RJ)

Frente a um cenário de mudanças estruturais nas políticas culturais nos últimos 4 anos no Brasil, pontuar questões centrais para o desenvolvimento público das artes é essencial. Como o estado e as instituições estão percebendo os trabalhos artísticos criados hoje? Quais estratégias artistas e produtores estão utilizando para trabalhar com integridade e respeito? Quais são os limites entre liberdade de expressão e censura? 

14 jan

10h – 13h | Ética social, ética estética – contratos sociais e narrativas no corpo

Renata Tupinambá (RJ), Tieta Macau (MA). Mediação: Camilla Rocha Campos

Baseada em uma história eurocentrada de contrato e narrativas, a arte tem o corpo branco como central em sua história. Como corpos não-brancos se movem nessa estrutura? Quais contratos sociais estão sendo revistos? E como nos organizarmos em situações de diálogo que integram corpos não-normativos?

14h – 17h | Aprendendo a aprender: por uma história e um ensino menos colonial das artes

Gilson Plano (GO/RJ), Rita Aquino (BA), Sandra Benites (SP). Mediação: Camilla Rocha Campos

Ensinar e aprender requer prática coletiva e constante. Como o ensino de arte vem reorganizando seu currículo de aprendizado para enfrentar discursos unilaterais históricos? Como visões e práticas não tradicionais de ensino estão sendo implementadas nos âmbitos acadêmicos, institucionais e informais por profissionais? 

20 jan

10h -13h | A voz do tempo, corporificar histórias – futuros ancestrais

Juão Nyn (RN/RJ), Keyna Eleison (RJ), Marcelo Evelin (PI). Mediação: Camilla Rocha Campos (RJ)

Como diferentes noções de história se tornam arte? Como expressões artísticas se tornam marcos históricos, revendo, recontando ou mudando a própria história? Tendo a dimensão do tempo e do corpo como parâmetro, essa mesa visa conversar sobre como nosso futuro se baseia na maneira como vivemos em nossos corpos heranças, dores e esperanças.

14h -17h | Escrever o corpo, criticar a dança – 30 anos de história crítica no Brasil

Sérgio Andrade (BA/RJ) e Silvia Soter (RJ). Mediação: Adriana Pavlova (RJ)

Quais marcas nossos corpos trazem e comunicam história? Como podemos olhar de forma crítica para gestos, movimentos ou até mesmo a ausência deles? Escrever, falar, produzir e pensar são ações que também contam a história da dança no Brasil e, a partir das experiências das pessoas convidadas para essa mesa, iremos dialogar sobre transformações que modificaram a escrita de nossos corpos na história pela dança. 

21 jan

14h – 17h | Entre ruas, palcos e vielas: atualização do corpo urbano brasileiro

Allexandre Bomber (PI), Kinho JP (RJ), Pioneer Mother Rothyer Império (RJ). Mediação: Diego Dantas (RJ)

A cidade oferece, com sua dinâmica, espaços e contextos únicos para o desenvolvimento e desafios do corpo. Como a dança e a performance assimilam novas formas de estarmos presentes nas cidades disseminando em corpos movimentos de coletividades específicas?

Biografias dos participantes (em ordem alfabética):

Adriana Pavlova é jornalista, crítica de dança do jornal O Globo, doutora (2021) pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade da PUC-Rio e mestre (2015) pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da UFRJ. Ao lado de Roberto Pereira é autora do livro “Coreografia de uma década, os dez anos do Panorama RioArte de Dança” (Casa da Palavra, 2001). 

Calixto Neto é originário de Recife (PE) e mora na França desde 2013. Se formou em teatro na Universidade Federal de Pernambuco, depois em dança no Grupo Experimental de Dança de Recife antes de ingressar no mestrado em estudos coreográficos no Centro Coreográfico Nacional de Montpellier. Membro da companhia de Lia Rodrigues de 2007 a 2013, Calixto Neto é também intérprete nas criações de Ève Magot, Anne Collod, Mette Ingvartsen e Luiz de Abreu, cuja famosa peça O Samba do Crioulo Doido remontou em 2020 como parte do festival Panorama no CND em Pantin e com a qual está em tournée até os dias de hoje. Ainda em 2020, Calixto criou os filmes O Samba do Crioulo Doido: régua e compasso e Pro Futuro Quilombo.

Camilla Rocha Campos é curadora, artista, professora e escritora. Codiretora do Instituto 0101 Art Platform, que promove experiências com a arte afro-diaspórica, e curadora da plataforma internacional de pesquisa EhChO. Coordenadora do programa de Formação e membro do conselho de educação da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Camilla atuou por dois anos também como coordenadora de Residência do MAM Rio. Com ampla atuação internacional, participou de residências artísticas, exposições e palestras na Saastamoinen Foundation (Finlândia), Lugar a Dudas (Colômbia), Tabacalera Estancias (Espanha), Q21 Museums Quartier (Áustria), UKS (Noruega), Bamboo Curtain Studio (Taiwan), Arika (Escócia), dentre outros. Atualmente, desenvolve sua pesquisa artística de PhD na Goldsmiths University of London.

Diego Dantas é bailarino, coreógrafo, professor de escola pública e diretor artístico do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro. Possui 20 anos de experiência profissional na área de dança, artes cênicas e carnaval. Dedica a sua gestão no Centro Coreográfico à promoção da diversidade e pluralidade na dança.

Gilson Plano é artista, educador e gestor cultural, desenvolve trabalhos e pesquisa na intersecção de escultura, ação e narrativas. Investiga em sua produção artística o imaginário sobre a história Brasil acompanhadas das ideias de peso, ficção e encantamento. As noções de mistério, segredo, silêncio, presença e desaparecimento guiam suas esculturas, instalações e ações performáticas. Doutorando no programa de pós-graduação em artes da UERJ. Fez parte do programa deformação da EAV Parque Lage – 2019; Pivô Arte e Pesquisa – 2021#3 – 2021. Participou de exposições coletivas como “Festival do Valongo” 2019; “A casa carioca” – MAR; “Hábito e Habitante” – EAV, entre outras; Suas mostras individuais incluem “Turvo” – 2020 – Duplex – PT;  “Como erguer tempestades” – 2021 – CCSP – SP e “Pássaros e Pedras”-  2022 – GDA – SP. 

Kinho JP iniciou sua carreira artística em 2008 na JP MOVE Cia de dança. Como intérprete criador participou dos espetáculos Que se funk, Suave e Cria, realizando diversas turnês em festivais internacionais tendo como principal pesquisa o Passinho Foda, estilo que o levou a criar seu primeiro espetáculo autoral PROBIDAO. Além deste, também introduziu o passinho foda na UFRJ com aulas regulares. Na área de produção idealizou os projetos Rabisca, o giz do passinho e Passinho da ZO.

Luciano Cerqueira é doutor em Políticas Públicas (UERJ), 20 anos como pesquisador no Terceiro Setor na área de Direitos Humanos, hoje Coordenador de Projetos da Samambaia Filantropias.

Luiz de Abreu é coreógrafo e bailarino, criou O samba do crioulo doido há 18 anos. O espetáculo faz parte do acervo permanente do Centre Georges Pompidou em Paris e já foi apresentado em diversos países. Em 2020 a peça foi remontada com o bailarino Calixto Neto como parte da programação do Panorama Pantin, no CND. 

Nayse López é jornalista e curadora desde 1992. Realizou – como curadora, critica de dança e jornalista – diversas mostras e conferências na área da dança, das artes performativas e da cooperação cultural. Desde 2001 é curadora convidada do Festival Panorama, tornando-se em 2006 diretora geral e artística do Festival e de outros projetos da Associação Cultural Panorama. É também fundadora e editora do site especializado em dança www.idanca.net. Entre os últimos projetos: a idealização e curadoria de dança e performance do festival www.RIOFESTIV.AL (2018 e 2019), primeiro festival de artes inteiramente online do Brasil e um dos únicos do mundo, em 2020 realizou a edição especial do Festival Panorama em Pantin na França, e em 2021 realizou duas edições do Festival Panorama, Jangada e Raft.

Pedro Kosovski é dramaturgo, diretor teatral e professor de artes cênicas. Funda, em 2005, a Aquela Cia de Teatro, núcleo de criação e pesquisa da linguagem teatral. Foram encenadas vinte e duas peças de sua autoria dentre as quais  Cara de Cavalo, Caranguejo Overdrive e Guanabara Canibal publicadas pela editora Cobogó. 

Rothyer é multiartista independente, cria de São Gonçalo, trabalha como cantore e bailarine. Constroi a ballroom como Pioneer da cena RJ. E como filhe na Internacional House of West.

Sérgio Andrade é artista, professor e pesquisador de dança, performance e filosofia. É Doutor e Mestre em Filosofia pela PUC-Rio, Mestre em Artes Cênicas pela UFBA e Licenciado em Dança pela UFBA. Desde 2012, é Professor do Departamento de Arte Corporal da UFRJ, lecionando nos Programas de Graduação e Pós-Graduação em Dança da instituição. Na universidade, coordena o Laboratório de Crítica (LabCrítica), projeto de pesquisa e extensão no qual desenvolve várias atividades colaborativas do exercício da crítica em processos de pesquisa-criação, formação, publicação, curadoria e intercâmbio entre artistas, pesquisadores, ativistas e grupos comunitários. 

Silvia Soter é professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós Graduação em Dança da UFRJ (PPGDAN e coordenadora do Grupo de estudo, extensão e pesquisa dança, criação e ensino (GEPEDANCE). Doutora em Educação pela UFRJ (2016), é mestre em Teatro pela UNIRIO (2005), licenciada em Dança pela Universidade de Paris 8 (França/1996) e bacharel em Artes pela PUC-Rio (1988). Certificada em Ginástica Holística- Método Ehrenfried em 1996, na França, ministra aulas e oficinas na área da Educação Somática, desde 1984. É autora do livro “Cidadãos dançantes: a experiência de Ivaldo Bertazzo com o corpo de dança da Maré”, UniverCidade Editora – 2007, do DVD “Corpo Aceso: experiências em educação somática para bailarinos e não bailarinos”. É co-autora de livros didáticos de ensino de artes para a educação básica (Coleção Mosaico e Percursos da Arte), responsável pelos conteúdos de dança. Desde 2003 desenvolve projetos na área de Arte/Dança na Redes da Maré. Por 15 anos, foi crítica de dança no Jornal O Globo. Em 2011, criou com Lia Rodrigues a Escola Livre de Dança da Maré (Redes da Maré/Lia Rodrigues Companhia de Danças). Atua como dramaturgista da Lia Rodrigues Companhia de Danças desde 2002, tendo também colaborado com os artistas Dani Lima, Jérôme Bel e Marcelo Evelin. Desde 2016, desenvolve pesquisa sobre “Artistas em situação pedagógica”. 

Tieta Macau é artista transdisciplinar, filhe da serpente, criadore de macumbarias cênicas e outras espirais. Tieta Macau é interessada em processos de criação, produção cênica afroreferenciada, poéticas populares e afrodiaspórica, historiografia da arte, escrita em dança entre outras encruzas. Ume das criadores do Coletivo DiBando, atua em colaboração com vários artistas e grupos entre o Maranhão , Ceará e Bahia como Grupo Afrôs, Brecha Coletiva, LABORARTE, Viramundo entre outros. Foi aprovade na edição 2020/2021 dos Laboratórios de Criação do Porto Iracema das Artes (CE) com o projeto Lança de Cabocla. Com o projeto Assombros e Trincheiras teve aprovação na categoria criação do Panorama Raft, em coprodução com o Festival Panorama(RJ). Ume das artistas convidada a colaborar na Plataforma EhCHo edição 2021, plataforma de fomento e difusão internacional idealizada por Denise Ferreira da Silva e outros artistas e pesquisadores. Premiade melhor atriz em curta metragem no 49° Festival de Cinema de Gramado e em longa como melhor atriz coadjuvante no 43° Guarnicê de Cinema. Atualmente está participando do programa de bolsas de pesquisa e criação do PACT ZOLVERREIN (ALE). É licenciada em Teatro pela UFMA (MA), cursa o bacharelado em Dança e o mestrado em História Social na UFC (CE).

13 e 21 jan | 14h às 17h

14 e 20 jan |10h às 17h

Auditório do MAR – Museu de Arte do Rio (Praça Mauá, 5 – Centro) 

Entrada franca

Curadoria de Nayse López e Camilla Rocha Campos.