PANORAMINHA | PROGRAMAÇÃO INFANTO-JUVENIL

© Calé Merege

TUDO QUE NÃO INVENTO É FALSO | PAULA MARACAJÁ (RJ)

“Num palco sem pernas ou braços. Um balanço suspenso, atrás daquela moita, na lateral alta, esquerda, no fundo do peito do palco. Os rios eram verbais porque escreveram torto, como se fossem curvas de uma cobra. Só porque se botavam em movimento.

Faremos agora o que não pudemos fazer na infância. Raízes crianceiras na visão comungante e oblíqua das coisas. Inventei um menino inventado levado da breca pra me ser. O menino era esquerdo e tinha cacoete pra poeta. Nada havia de mais presente senão a infância.” (Roteiro inspirado em Manoel de Barros)

O espetáculo de dança tudo que não invento é falso, inspirado no livro Memórias Inventadas: as infâncias de Manoel de Barros, parte de um mergulho na poética que reverbera na dança contemporânea, literatura, artes plásticas e música. 

Sob os escritos do poeta mato-grossense, tudo que não invento é falso, emerge do poder libertador; criativo da ação, do movimento e estabelece as metáforas tão essenciais à compreensão da obra de Manoel de Barros. Em diálogo com a linguagem metafórica e poética; na busca de um olhar que aproxime o mundo contemporâneo, o espetáculo tem inspirado na literatura, um despertar pelo fascinante mundo de um menino, uma criança – poeta – dançante.

Trata-se de um encontro da obra de Manoel de Barros junto ao universo infantojuvenil, explorando um mundo criado a partir da palavra, cheio de simbologias e significados, que se reinscreve no corpo através da dança e as demais linguagens que compõem o espetáculo. 

Como um ato puro de metamorfoses, intérpretes se revezam em cena a partir de um roteiro liderado por ações no universo do personagem-menino-escritor solitário e transgressor. A reinvenção do corpo se identifica no torto, na contradição, na brincadeira de confundir a própria imagem, que apresentam nesta dança o real, o irreal, que recriar é sempre possível e sobre tudo tudo que não invento é falso.

O espetáculo infanto-juvenil presta uma homenagem a um dos programas mais queridos do Panorama, o Panoraminha. Apresentado em 2011 no festival, o trabalho será mostrado nesta edição nas arenas da zona norte da cidade, uma boa oportunidade para novas gerações conhecerem o universo poético de Manoel de Barros.  

Paula Maracajá é artista, curadora, diretora e coreógrafa. Paula é especialista em Arte e Filosofia formada pela PUC- RJ/2012, licenciada em dança pela UniverCidade RJ/2008, com formação em dança na École de Danse Princesse Grace em Mônaco/1992, e em cinema pela Academia Internacional de Cinema/SP/2021. Iniciou seus estudos nas artes através da dança, foi bailarina clássica e contemporânea durante 30 anos com atuação em companhias nacionais e internacionais. Desenvolve projetos com abordagem transdisciplinar, participando de montagens e projetos independentes em audiovisual, artes cênicas, projetos sociais, instalações e intervenções urbanas.

21 jan | 16h 

Arena Dicró
Parque Ari Barroso
Entrada pela, R. Flora Lôbo, s/n – Penha

Entrada franca

28 jan | 17h

Arena Fernando Torres
Parque de Madureira

Entrada franca

Duração: 45 min
Classificação indicativa: Livre

FICHA TÉCNICA

Direção, coreografia e roteiro: Paula Maracajá
Intérpretes e pesquisa de movimento: Danilo D’Alma, Isabela Oliveira, Patricia Riess e Renata Versiani
Assistência de direção: Patricia Riess
Iluminação: Ananda Felippe
Montagem e operação de luz: Bruno Trindade
Produção: Heitor Nóbrega
Técnico: Eduardo Apolinário